O sonho é um acto revolucionário. É fazer parte da criação e aceder à nossa fonte de criatividade profunda. Sabemos que é verdade e sentimo-lo no nosso corpo e alma.
No entanto, vivemos numa sociedade que não valoriza os sonhos. Desde muito cedo somos ensinados a ter “os nossos pés no chão”. Quantas crianças são chamadas a sonhar acordado quando olham pela janela da sala de aula?
Talvez tenha sido por isso que Sir Ken Robinson disse no seu TED Talk que as escolas matam a criatividade. Creio que nem todas as escolas, mas a grande maioria que visitei, o fazem.
Sonhar e brincar são facilitadores de uma aprendizagem profunda e de níveis de socialização profundos.
A grande maioria das tecnologias e inovações que desfrutamos hoje, foram sonhadas por alguém, a dada altura. Veja-se a canção Ontem que Paul MacCartney lhe disse ter chegado durante um sonho ou a construção da tabela periódica que chegou, em parte num sonho de Mendeleev. Estas pessoas provavelmente tiveram críticos que tentaram convencê-los de que a ideia não iria resultar. Televisões, telemóveis, cadeiras, cadernos, óculos, imagine se os sonhadores destas ideias só acreditassem nos seus críticos? ou a impossibilidade dos seus sonhos?
Somos frequentemente aqueles críticos quando alguém nos apresenta os seus sonhos. O resultado é que as pessoas já não querem partilhar os seus sonhos. A desvalorização dos sonhos contribui para que a maioria de nós nem sequer se lembre deles…
Que tipo de sociedade somos nós quando as pessoas não se lembram dos seus sonhos e deixam de partilhar os seus sonhos?
Cultivar e nutrir os nossos sonhos e os dos outros é uma parte essencial da transição para um mundo mais belo que sabemos que é possível.
Estudos neurológicos mostram que passamos 30% das nossas vidas a dormir e a sonhar. É tempo de recuperar esses sonhos, a fonte de criatividade e sabedoria, e, dar-lhes sentido.
Podemos, por exemplo, começar por praticar escrever os nossos sonhos num caderno de apontamentos. Pessoalmente, escrevo os meus sonhos assim que acordo e uma vez por mês leio-os. Eles têm sido a fonte de inspiração para muitas ideias e projectos que empreendi.
Em muitos destes projectos de sonho utilizei a metodologia Dragon Dreaming que foi criada na Austrália nos anos 80 por John Croft e Vivienne Elanta. O Dragon Dreaming propõe a criação de projectos colaborativos e sustentáveis a partir dos sonhos colectivos das pessoas. DREAMING, PLANNING, DOING e CELEBRATING são as quatro fases que permitem a criação de projectos de crescimento pessoal, fortalecimento das comunidades e cuidados com o planeta.
Em todo o mundo já foram realizados milhares de projectos com o Dragon Dreaming, desde empresas, ecovilas, start-ups, a associações, projectos de permacultura, projectos governamentais, entre outros.
Como pode pôr estas ideias em prática?
1- Aumente a sua percepção e os seus sentidos para ouvir o que se passa à sua volta. Que causas necessitam de atenção? Quais são as suas competências e o que precisa de desenvolver?
2- Sonhe e ouça a sua intuição: que ideias e inspirações o convidam a agir? pode fazer a si próprio algumas boas perguntas antes de ir dormir e observar que mensagens subtis os seus sonhos lhe trazem?
3- Quando uma ideia ou sonho emerge e ressoa consigo, partilhe-o com alguém com quem gostaria de trabalhar. Convide-o a fazer parte do seu projecto. Um sonho sonhado em conjunto tem uma forte probabilidade de se tornar realidade.
4- Partilhe com mais pessoas que tenham competências complementares às suas e que possam ajudar o seu projecto.
5- Reunir uma equipa de sonho e realizar um Círculo de Sonhos para que a energia do projecto seja amplificada. Confie que o seu projecto se tornará melhor e mais inspirador.
Sonhar é cumprir um legado de sonhos sonhados perante nós. É para fazer parte do fluxo criativo da humanidade.

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